AS ELEIÇÕES ESTÃO CHEGANDO

AS ELEIÇÕES ESTÃO CHEGANDO    

Caro leitor, mais uma vez se aproximam as eleições brasileiras. Com exceção dos cargos de prefeito e vereador, todos os outros terão candidatos.  Embora democracia não se faça só com voto (democracia é muito mais que isso), votar é importante. É momento de dizer sim ou não aos que se apresentam a nós.  Infelizmente, votar é obrigatório no Brasil. Deveria ser um direito, não um dever.

A obrigatoriedade do voto é uma contradição. Por isso, apesar dos constantes avanços no processo eleitoral, o voto ainda é dado com muito pouca consciência e informação. Não é um voto de qualidade aquele que é dado sem informação.  O nível de informação é muito baixo. A cultura política no Brasil é muito precária. Quase epidérmica.

Além de não dominar os conceitos básicos da política, e, portanto, de pouco entender como ela funciona, o brasileiro médio é bombardeado por programações toscas, irreais. Há coisa mais irreal que programa político obrigatório no rádio e na televisão? Quem pode levar a sério o “programa” apresentado pelos candidatos?  Um velho ditado no Brasil do século XIX dizia que “nada era mais parecido com um Liberal que um Conservador no governo. Nada mais parecido com um Conservador que um Liberal na oposição”. O ditado faz referência ao revezamento no poder dos dois partidos políticos do Império. Saía um, entrava o outro, e nada mudava. O que era criticado por quem estava na oposição, era executado tão logo ela chegasse ao poder.  Mudou? Não, não mudou. É só olhar o processo político brasileiro desde 1994 até hoje.

O PSDB e o DEM criticam no governo Lula e no PT tudo o que fizeram quando estiveram no poder. Já Lula e o PT fizeram tudo o que criticavam quando estavam na oposição.  Na verdade, oposição para nada serve. Ou melhor, para moderar um pouco, serve sim para impedir a quem está no poder usá-lo de forma absolutamente desregrada. Fora disso, quem acredita na palavra da oposição? Como levar a sério os programas partidários?  No poder, é possível fazer o que as circunstâncias permitem. Nada mais.

Quando há bonança, o governo agrada a todos e é bem avaliado. Na crise, mesmo que tenha feito o que era necessário fazer, vê a sua popularidade cair e se torna alvo da fúria das massas.  O que conta é o bem estar econômico. Entendo que seja assim, mas isso é muito perigoso. Mussolini, Hitler, Stalin, entre muitos outros, também viveram época de boom econômico, e foram amplamente apoiados.  A economia tem sido o móvel principal que estimula as pessoas. Parece que Marx sempre esteve certo. Explicar para alguém a importância da luta por reformas políticas é quase insano. Ninguém entende para que elas servem. Se a economia vai bem, o que mais interessa?  Isso, no entanto, é muito pobre, muito superficial, embora ajude a explicar uma série de fenômenos políticos. Entre 1968-73 o Brasil viveu a era do milagre econômico (Este é um país que vai pra frente, Ninguém mais segura este país, Brasil: ame-o ou deixe-o!). 

O governo tinha alto índice de popularidade. Mas era Médici: o grande ditador. E daí, quem se importava?  O nível de informação sobre o mundo da política é raquítico. Não estou nem falando de atitudes, pois chega a ser, às vezes, desesperador. Falo do entendimento que a maior parte tem de conceitos básicos da política: parlamento, congresso nacional, poderes da república, ditadura, democracia, etc. O que tem feito nossas escolas para minimizar tais problemas? Não deveriam elas acostumar as crianças e os jovens a se tornarem próximos desses conceitos? E as aulas de Sociologia, Filosofia, História, Geografia?  Praticar a política com conceitos primários é tornar a cidadania uma atividade por demais frágil.    

Isaías Pascoal    

(UOL MAIS)

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